The winning entry has been announced in this pair.There were 7 entries submitted in this pair during the submission phase. The winning entry was determined based on finals round voting by peers.Competition in this pair is now closed. |
Onde estás, Lamia, em que praia, em que cama, em que lobby de hotel te alcançará esta carta que entregarei a um empregado indiferente para que ponha os selos nela e me indique o preço do porte sem olhar para mim, sem nada mais além de repetir os gestos da rotina? Tudo é impreciso, possível e improvável: que a leias, que não chegue até ti, que chegue até ti e que não a leias, dedicada a jogos mais cingidos; ou que a leias entre dois tragos de vinho, entre duas respostas a essas perguntas que sempre te farão aquelas que vivem a indizível fortuna de compartilhar contigo uma mesa ou uma reunião de amigos; sim, um acaso de instantes ou de humores, o envelope que assoma em tua bolsa e que decides abrir porque estás entediada, ou que afundas entre um pente e uma lixa de unhas, entre moedas soltas e pedaços de papel com endereços ou mensagens. E se a lês, porque não posso tolerar que não a leias, ainda que seja só para interrompê-la com um gesto de fastio, se a lês até aqui, até esta palavra aqui que se agarra a teus olhos, que procura guardar tua mirada no que se segue, se a lês, Lamia, o que te pode importar o que te quero dizer, não que te amo porque isso já sabes desde sempre e para ti dá na mesma e não é novidade, realmente não é novidade para ti lá onde estiveres amando outra ou somente olhando o rio de mulheres que o vento da rua aproxima de tua mesa e carrega em lentas lufadas, cedendo-te por um instante suas singraduras e suas figuras de proa, as regatas multicores que alguma ganhará sem saber quando te levantares e a seguires, a tornares única na multidão do entardecer, a abordares no instante preciso, no portal exato onde teu sorriso, tua pergunta, tua maneira de oferecer a chave da noite sejam exatamente falcão, festim, fartura. | Entry #4276 José Ignacio Coelho Mendes Neto (X) البرازيل Winner
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Onde estás, Lamia, em que praia, em que cama, em que lobby de hotel te chegará esta carta, que eu entregarei a um empregado indiferente para que lhe ponha os selos e me diga o preço da franquia sem tão pouco olhar para mim, repetindo apenas os gestos de rotina? Tudo é impreciso, possível e improvável: que a leias, que não chegue às tuas mãos, que chegue mas não a leias, entregue que estarás a jogos mais apertados; ou que a leias entre dois tragos de vinho, entre duas respostas a essas perguntas que sempre te irão fazer aquelas que vivem a inenarrável fortuna de te partilhar numa mesa ou numa reunião de amigos; se, por um acaso de instantes ou de humores, o envelope que espreita no teu bolso e que decides abrir porque te aborreces, ou que afundas entre um pente e uma lima de unhas, entre moedas soltas e pedaços de papel com moradas ou mensagens. E se a leres, porque não posso tolerar que a não leias nem que seja somente para a interromperes com um gesto de fastio, se a leres até aqui, até esta palavra aqui que se aferra aos teus olhos, que procura guardar o teu olhar no que vem depois, se a leres, Lamia, que te pode importar o que te quero dizer, não já que te amo porque isso sabes tu desde sempre e pouco te importa e nem novidade é, realmente não é novidade para ti, lá onde estiveres, amando outra ou somente observando o rio de mulheres que o vento da rua aproxima da tua mesa e se afasta em lentos bordados, cedendo-te por breves momentos as suas singraduras e as suas máscaras de proa, as regatas multicolores que alguma delas ganhará sem o saber quando tu te levantes e a sigas, a devolvas única na vaga do entardecer, a abordes no instante preciso, no portal exacto onde o teu sorriso, a tua pergunta, a tua maneira de oferecer a chave da noite sejam exactamente falcão, festim, saciedade. | Entry #3637
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Onde estás, Lamia, em que praia, em que cama, a que vestíbulo de hotel chegará até ti esta carta que entregarei a algum empregado indiferente para que a sele e me diga o preço da franquia sem me olhar, sem outro movimento que não seja repetir os gestos da rotina? Tudo é impreciso, possível e improvável: que tu a leias, que não a recebas, que a recebas mas não a leias, por estares tu mais cingida a outros jogos; ou que a leias entre dois goles de vinho, entre duas respostas a essas perguntas que sempre te farão somente as que podem viver a inefável dita de te partilhar ao redor de uma mesa ou numa reunião de amigos; sim, um acaso de instantes ou de vontades, o envelope que espreita na tua bolsa e que te decides a abrir porque te entedias ou que submerges entre um pente e uma lima de unhas, entre moedas soltas e pedaços de papel com moradas ou mensagens. E se a leres, porque não posso conceber que não a leias mesmo que apenas seja para a interromper depois com um teu gesto de fastio, se a leres até aqui, até esta palavra, esta mesma que agora se agarra aos teus olhos e que procura guardar o teu olhar para o que se segue, se a leres, Lamia, que importância pode ter para ti o que te quero dizer, e já não falo deste amor que por ti sinto porque esse já o conheces desde sempre e não te importa e não é novidade, não é realmente novidade para ti lá onde estejas, amando outra ou apenas contemplando o rio de mulheres que o vento da rua traz até à tua mesa e leva depois em lentas bordadas, concedendo-te por um instante os seus rumos e as suas máscaras de proa, as regatas multicolores que alguma ganhará sem o saber quando tu te levantes e a sigas, quando a tornes única entre a multidão do entardecer, a abordes no instante preciso, no exacto portal onde o teu sorriso, a tua pergunta, a tua forma de oferecer a chave da noite sejam exactamente falcão, festim e fartura. | Entry #3640
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Onde está você, Lamia, em que praia, em que cama, em que salão de entrada de hotel a encontrará esta carta, que eu darei a um funcionário indiferente para que ele coloque os selos e me indique o preço do serviço postal sem me olhar, sem mais que repetir as expressões de rotina? Tudo é incerto, possível e improvável: que você a leia, que não a receba, que a receba e não a leia, envolvida em algo mais interessante, ou que você a leia entre dois goles de vinho, entre duas respostas a essas perguntas que sempre lhe farão os que têm a indizível fortuna de compartilhar uma mesa ou uma reunião de amigos com você, sim, num momento oportuno e humorado, você decide abrir o envelope na sua bolsa que por tédio, atrapalhando-se entre um pente e uma fileira de unhas, entre moedas soltas e pedaços de papel com endereços ou mensagens. E se você a ler, é porque eu não posso tolerar que você não a leia, embora só seja uma interrupção banal você lê-la até aqui, até esta palavra aqui que lhe solta aos olhos, que procura captar seu olhar buscando o que se segue, se você a ler, Lamia, que lhe importa o que estou dizendo, desde que não seja que eu a amo, porque isto você sempre soube e que não é novidade, não é realmente novidade para você, onde quer que você esteja, amando outra, ou meramente assistindo o desfile de mulheres que o vento da rua soprou à sua mesa, levando-as em ondas lentas, mostrando-lhe por uns instantes suas mascaras de proa, regatas multicores em que uma delas sairá vencedora, sem saber quando você se levantará para segui-la, sendo ela a única na penumbra da multidão, e a abordará no momento exato, no ponto exato em que o seu sorriso, a sua pergunta, a sua maneira de oferecer a chave da noite, exatamente como um falcão devorando um fastidioso banquete. | Entry #4105
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Onde você está, Lamia, em qual praia, em que cama, em que saguão de hotel te alcançará esta carta que entregarei a um empregado qualquer para que a ponha os selos e me mostre o preço da postagem sem me olhar, sem mais repetir os gestos de rotina? Tudo é impreciso, possível e improvável: que você a leia, que não chegue até você, que chegue e que você não a leia, entregue a jogos mais ajustados; ou que a leia entre dois goles de vinho, entre duas respostas a essas perguntas que sempre te farão as que vivem a indecisa alegria de te compartilhar em uma mesa ou uma reunião de amigos; sim, um revés de instantes ou de humores, sobre aquilo que aparece em teu bolso e que decide abrir porque te aborrece, ou que derruba entre um pente e uma lixa de unhas, entre moedas soltas e pedaços de papel com endereços ou mensagens. E se caso a leia, porque não posso tolerar que não a leia ainda que seja só para interrompê-la com um gesto de repugnância, se a leu até aqui, até essa palavra aqui que te fere os olhos, que busca guardar teu olhar no que se segue, se você a lê, Lamia, o que pode ser importante o que quero dizer, não que te amo porque sabe desde sempre e que para você é igual, não é mais notícia, realmente não é notícia para você onde quer que esteja amando a outra ou somente olhando um rio de mulheres que o vento da rua aproxima de sua mesa e a leva em bordadas vagarosas, cedendo por um instante seus rumos e suas máscaras de proa, as regatas multicores que alguma pessoa ganhará sem saber até quando a levantem e a sigam, a tragam somente na multidão do atardercer, a abordem no instante preciso, no portal exato onde seu sorriso, sua pergunta, sua maneira de oferecer a chave da noite sejam exatamente falcão, festim, fastio. | Entry #4127
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Onde estás, Lamia, em que praia, em que cama, em que lobby de hotel te alcançará esta carta que entregarei a um funcionário indiferente para que lhe ponha os selos e, sem olhar para mim, me diga o preço a pagar sem mais que repetir os gestos da rotina? Tudo é impreciso, possível e improvável: que a leias, que não a recebas, que a recebas e não a leias, entregue a jogos mais cingidos ou que a leias entre dois tragos de vinho, entre duas respostas a essas perguntas que sempre te farão as que vivem a indizível fortuna de partilhar-te numa mesa ou numa reunião de amigos; sim, um azar de instantes ou de humores, o envelope que espreita do teu bolso e que decides abrir porque estás aborrecido, ou que afundas entre um pente e uma lima de unhas, entre moedas soltas e pedaços de papel com direcções e mensagens. E se a leres, porque não posso aceitar que não a leias, mesmo que seja para interrompê-la com um gesto de aborrecimento, se a leres até aqui, até a esta palavra aqui, esta que se aferra aos teus olhos, que tenta guardar o teu olhar no que segue, se a leres, Lamia, que te importará o que te quero dizer, não que te ame, porque isso sempre o soubeste e é-te indiferente e não é novidade, na verdade não é novidade para ti, aí onde quer que estejas amando a outra, ou somente olhando o rio de mulheres que o vento da rua traz à tua mesa e leva em lentos bordados, cedendo-te por um instante as suas singraduras e as suas máscaras de proa, as regatas multicolores que alguma ganhará sem saber quando te levantarás e a seguirás, a tornarás em única na multidão do entardecer, a abordarás no preciso instante, na precisa porta onde o teu sorriso, a tua pergunta, a tua forma de oferecer a chave da noite sejam precisamente falcão, festim, enfartamento. | Entry #4595
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